Petrobras pode comprar o hidrogênio verde para manter demanda no Brasil, defende Lula

“[A Petrobras] vai ser uma grande consumidora de energia limpa. A siderúrgica quer produzir aço verde? Vem pro Brasil”, destacou

Gabriela Ruddy – 19 de janeiro de 2024 – Em Hidrogênio, Política energética

Lula diz que hidrogênio verde nacional vai ter Petrobras como âncora, com prioridade para o mercado interno, durante cerimônia de retomada das obras da Rnest, em Ipojuca (PE), no Suape, em 18/1/2024 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Lula durante cerimônia de retomada das obras da Rnest, em Ipojuca/PE (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

RIO — O presidente Lula afirmou durante a inauguração das obras do segundo trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), nesta quinta-feira (18/1), em Pernambuco, que o hidrogênio verde produzido no Brasil vai priorizar o mercado nacional.

“Esse país não quer ser exportador de hidrogênio verde. Quando estiver produzindo hidrogênio na Bahia, em Pernambuco, sabe quem vai comprar? A Petrobras, porque ela vai ser uma grande consumidora de energia limpa. A siderúrgica quer produzir aço verde? Vem pro Brasil. Quem quer produzir com uma fábrica limpa, venha para o Brasil”, afirmou.

Além do presidente da República, a cerimônia contou com a presença dos ministros de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), além dos presidentes da Petrobras, Jean Paul Prates, e da Transpetro, Sérgio Bacci, assim como dos diretores executivos da estatal e de autoridades locais.

Lula relembrou que a decisão de construir a Rnest foi política, tendo como gancho a relação comercial entre o Brasil e a Venezuela durante os seus primeiros mandatos. E que a ideia inicial apresentada ao então presidente venezuelano, Hugo Chávez, era usar o petróleo do país vizinho no processamento, em uma parceria entre a PDVSA e a Petrobras, o que nunca chegou a se concretizar.

“Chávez concordou e a gente resolveu começar a refinaria, mas ele nunca colocou um centavo aqui”, afirmou Lula.

A discussão sobre desenvolver hubs de hidrogênio voltados à exportação, para atendimento à demanda de países industrializados, ou atrair industrias para se instalar — e consumir o produto no Brasil — mobiliza agentes públicos e privados.

Em setembro, o ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli criticou, em artigo publicado na epbr, o direcionamento ao mercado externo. “Se ficarmos exclusivamente nesse modelo, estaremos exportando ar, sol e água, e deixando o acréscimo de valor industrial e econômico para o norte global”.

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