Multinacionais pressionam por regulação do hidrogênio verde no Brasil

Companhias como Yara, Siemens Energy e Thyssenkrupp, além das brasileiras Eletrobras e Comerc, formaram a Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV)

Por Marina Falcão — Do Recife – Valor Econômico

Luis Viga: “Brasil tem condição ‘muito competitiva’ para desenvolver o setor de H2V” — Foto: Divulgação

Um grupo de dez grandes empresas interessadas no desenvolvimento de indústria de hidrogênio verde no Brasil (H2V) criou uma associação com objetivo de acelerar o debate em torno do marco regulatório para o setor. “O Brasil precisa passar uma mensagem mais clara e direta para entrar na competição global. Precisamos de um empurrão para sair da inércia”, afirma Luis Viga, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV).

Viga é gerente-geral da Fortescue no Brasil, multinacional australiana do setor de mineração, que tem um projeto de R$ 20 bilhões para construção de uma usina de H2V no Porto do Pecém, no Ceará. A nova entidade conta ainda com Eletrobras, Comerc Energia, European Energy, Air Products, Messer, Voltalia, Yara, Siemens Energy e Thyssenkrupp.

Segundo Viga, o Brasil tem condições “muito competitivas” para desenvolvimento do setor de H2V, por conta da matriz energética limpa, mas outros países estão agindo mais incisivamente para atrair os investidores. Os Estados Unidos já anunciaram que vão subsidiar até U$ 3 na produção de um quilograma de H2V, cujo preço é estimado entre Us$ 4 e U$ 5. A ideia do governo americano é que a cadeia de energia verde promova uma reindustrialização do país.

No Oriente Médio, a Arábia Saudita anunciou a construção da maior usina de H2V do mundo, também com elevados subsídios do governo. O país visa exportação para o mercado Europeu, que deve ser o primeiro grande comprador de H2V global com objetivo de cumprir metas de redução de carbono.

Viga afirma que os primeiros investidores no mercado de H2V assumirão um risco maior e, portanto, é crucial uma mobilização do governo brasileiro para reduzir alguns entraves. Um dos gargalos, aponta o executivo, é a elevada oneração da energia no consumo. Além disso, diz, é necessário estabelecer segurança jurídica e esclarecer as regras no país para atrair bancos de fora para financiar os projetos, reduzindo a dependência dos brasileiros BNB e BNDES.

Segundo um estudo da Bloomberg, o Brasil tem potencial para, em 20 anos, atrair U$ 200 bilhões em investimentos para produção de H2V. Para abastecer as usinas, será necessário adicionar 198 gigawatts de capacidade em energia eólica e solar. “É o equivalente a um novo Brasil em energia”, comenta Viga.

A ABIHV tem expectativa de que, até o fim do ano, o marco regulatório para a indústria de H2V seja apresentado pelo governo. Somente no Ceará, há mais de 30 memorandos de intenções de investimentos assinados com o governo estadual de projetos de usinas de H2V. Há ainda negociações nos Estados de Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte e Maranhão.





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